quarta-feira, maio 31, 2006


Podes mandar-me embora. Podes dizer-me que não queres que fique sentada a ver o mar, ou que já não posso mudar de canal nem pôr a televisão mais baixa. Podes tirar-me o tapete que me fazia ter os pés sempre mais quentinhos. Podes apagar a lareira. Podes dormir com almofadas nas costas. Podes levar-me ao supermercado, ao cinema, onde quiseres e deixar-me em casa (há vantagens em ser cada vez mais portátil). Podes fugir, voltar, mandar um beijo, dar-me um abraço e deixar o meu coração e a minha cabeça numa autêntica guerra civil.

Não podes apagar o brilho desse olhar que ilumina os meus dias e me faz andar para a frente quase sem medo. Não podes deixar cair esse sorriso senão eu caio com ele.
Combinado?
 
By Joana @ 11:52 da manhã | 0 notas com outras assinaturas
terça-feira, maio 30, 2006

Hoje fui visitada pelo Espírito do Natal do Passado recente! Tal e qual como na história que nos contam quando somos crianças, pegou-me na mão, olhou-me com pena, e disse: "Anda, vou mostrar-te uma coisa!". Caminhámos durante cerca de duas horas sem trocarmos uma única palavra ou um único olhar. Depois, chegámos ao pé de uma pessoa que eu não conhecia a não ser de vista e que fazia coisas horríveis. Eu só conseguia pensar "não, não pode.... ninguém faz isto!". Não foi preciso ele dizer nada, entendi sozinha: aquela pessoa não era eu, mas até podia ser... no passado. E sem dizer nada, afastou-se e deixou-me ali sozinha, a olhar para aquela pessoa estranha, qua fazia coisas que não se devem fazer, nem mesmo por Amor.

É impressionante como as adversidades nos transformam e nos fazem crescer. Pena que o Espírito do Natal do Presente não tenha aparecido na altura certa. Se assim fosse, o Espírito do Natal do Futuro teria certamente coisas muito mais bonitas para me contar.
Aliás, se assim fosse eu ainda hoje acreditaria que o Natal é quando um homem (ou uma mulher!) quiser.

(ainda assim, tenho de agradecer ao Espírito. É tão bom sabermos que já crescemos mais um bocadinho e que hoje, mesmo não sendo mais felizes, somos pessoas melhores)
 
By Joana @ 2:09 da manhã | 1 notas com outras assinaturas
segunda-feira, maio 29, 2006

Se dúvidas houvesse que eu sou uma pessoa de extremos, aqui estaria a minha sensibilidade musical a prová-lo: arrepio-me com os extremos, o muito bom e o muito mau. São arrepios diferentes, mas arrepios.

No outro dia, por uma lágrima tua, arrepiei-me. Não sei bem porquê, talvez por ter sido apanhada de surpresa ou por nunca ter ouvido aquilo sem ser à distância e com intermediários eléctricos. Mas a verdade é que me arrepiei.
E desde então, tenho uma lágrima na cabeça. Sim, eu sei, não é suposto. As lágrimas nascem para cair. Nascem nos olhos e vão percorrendo lentamente a cara, numa tentativa (a maior parte das vezes frustrada) de lavar o pensamento. Não é suposto nascerem na cabeça e deixarem-se ficar por lá um dia inteiro... Mas aconteceu!

Eu realmente tenho com cada uma! E agora, o que é que eu faço? Queres mesmo saber? Estendo esta capa (a minha capa) no chão e deixo-me adormecer...
 
By Joana @ 10:02 da manhã | 0 notas com outras assinaturas
sábado, maio 27, 2006


Hoje decidi dar um passo em frente! Pronto... vá... meio passo...

A grande vantagem é que, à semelhança do que acontece com os buracos, acredito que meio passo é um passo! (pequenino, mas um passo).
 
By Joana @ 1:20 da tarde | 1 notas com outras assinaturas
quarta-feira, maio 24, 2006


Eu lido muito mal com as desafinações (quem diria!). Há qualquer coisa em mim que se arrepia, mas um arrepio que não é bom, daqueles que queremos que passem depressa ou que nunca comecem.

Tenho uma guitarra que me acompanha já há muitos anos, que sabe imenso sobre mim (muito mais do que eu sei sobre ela) e que até gostava de mim. Conversávamos imenso.
Quando tens uma guitarra, fazes os possíveis por estimá-la e por mantê-la sempre bem afinada. Não é fácil, porque todas as guitarras têm uma vontade própria e gostam de andar desafinadas de vez em quando. A minha até se portava bem, deixava-se afinar e eu acabava por me adaptar também à sua afinação tão própria.

Um dia, a minha guitarra disse-me que já não era afinável. Que eu escusava de apertar as cordas, não ia dar em nada, só fazer pior. "Vais acabar por me partir as cordas". Podia até dar um acorde de vez em quando, mas não iria passar disso, porque o acorde seguinte seria invariavelmente desafinado. É impossível fazer uma boa música assim. E todos sabemos que quando uma guitarra não acredita em afinação, mais vale esquecer...

E agora? O que faz uma pessoa que tem uma guitarra inafinável e que não consegue viver sem música?
 
By Joana @ 8:18 da tarde | 4 notas com outras assinaturas
terça-feira, maio 16, 2006


É incrível as coisas que as circunstâncias da vida nos ensinam... Hoje aprendi que podemos guardar a nossa vida em caixas de cartão. As coisas, as recordações, os bons momentos... cabe tudo lá! Em caixas velhas, sujas e frágeis, mas ao mesmo tempo tão úteis (a confirmação que as aparências realmente iludem).



Agora vou meter-te a ti também numa caixa, ao pé destas pautas que me imprimiste, e levo-te comigo para o próximo porto... Ou então escondo-me dentro de uma destas caixas e espero que alguém se esqueça de mim aqui e me deixem ficar aqui para sempre. Pode ser?
 
By Joana @ 12:58 da tarde | 1 notas com outras assinaturas
terça-feira, maio 09, 2006

Menino Jesus:

Olha, é impressão minha, ou estás a esquecer-te de mim??? Estás a fazer de propósito? Estou mesmo a ver... como diz o "pessoal": "vais-me deixar agarrada".

Um beijinho para ti. Manda notícias, tenho saudades tuas!
J.
 
By Joana @ 11:08 da tarde | 5 notas com outras assinaturas

No sábado à tarde comprei um livro novo, chamado "Amor Portátil", um dos poucos do Pedro paixão que ainda não tinha. Na altura nem imaginava o que me ia acontecer, mas vim a descobrir que foi a melhor compra que fiz nos últimos tempos. Ao menos agora tenho um amor portátil, que posso levar comigo para todo o lado (como diria a Marisa "Te adoro e você vem comigo aonde quer que eu VOE"). Posso levar o meu amor ao supermercado comigo, à praia, ao cinema, à esplanada, a todo o lado, porque ele é portátil. Se quisesse podia até emprestá-lo a alguém (mas não quero! Há certas coisas que agora quero guardar só para mim). Tenho, desde sábado, um Amor portátil que é só meu.

"Mudámos, ainda no mesmo prédio, para um apartamento onde cada um tinha o seu quarto. Frequentávamos bons restaurantes onde o silêncio se fazia ouvir agudamente, íamos ao cinema para acabar discutindo: Tudo o que acontecia em vez de nos unir afastava-nos. É para mim uma inconsolável tristeza perder alguém com quem vivemos, ver desaparecer a testemunha de todo o tempo que enfrentámos juntos e vencemos. Chegou o dia em que ela, sentada no sofá novo da sala, me pediu delicadamente para a fazer a minha mala e sair do seu apartamento, não sabendo eu até então que tinha uma mala e que era o seu apartamento.", in "Amor Portátil"
 
By Joana @ 12:03 da tarde | 1 notas com outras assinaturas
domingo, maio 07, 2006
A vida passa por nós todos os dias, mas nós só passamos pela vida uma vez... Não me parece muito justo. É como dizer que a Vida para nós é única, mas para ela somos "apenas mais um". E ela vai brincando connosco: vai-nos cruzando com outras pessoas, vai-nos afastando, vai-nos pregando partidas e ainda se ri por cima.

Já aprendi a viver com isto. Mas, Sra. Vida, será que lhe posso pedir que, já que vai passar por mim, passe só um bocadinho mais depressa, nem que seja só nos próximos tempos? Olhe, se preferir e conseguir, pode andar para trás. Eu gostava muito.


Há uma música do Paulo de Carvalho que diz "10 anos é muito tempo". Já sabia. Hoje descobri que 4 anos também é muito tempo e que 2 anos e meio, por mais estúpido que isto possa parecer, é ainda mais! Descobri que uma noite é muito tempo e que o tempo que uma lágrima demora a cair também. Será que podemos ficar por aqui com as descobertas?
 
By Joana @ 10:00 da manhã | 2 notas com outras assinaturas
sexta-feira, maio 05, 2006

No outro dia, um grande (ENORME!) amigo meu, tinha a seguinte frase no Messenger: "At night, a candle's brighter than the sun". A frase tocou-me logo, achei extremamente bonita e sábia (claro que a frase não é dele... ihihi!).
Não sei explicar porquê, mas há coisas que nos captam a atenção e depois insistem em ficar na nossa cabeça, como se ela fosse uma esplanada onde tomamos um café e temos uma longa conversa. E a frase lá ficou, a beber o seu cafezinho com adoçante e a conversar imenso comigo. E dessa conversa, surgiram imensas ideias giras, como por exemplo: "Preferes ser sol ou vela?"
Passado algum tempo, cheguei à conclusão que não concordo com a frase que está a tomar café comigo. Porque o Sol é o Sol! Brilha sempre, esteja onde estiver, nós é que nem sempre o conseguimos ver. E ainda por cima, se nos basearmos na unidade temporal que é a nossa vida, o Sol brilha para sempre. E a vela? A vela eventualmente, um dia, já não tem mais pavio por onde arder.
Como se isto não fosse suficiente (para mim já era suficiente! Esta coisa de termos que andar a comprar sucessivas velas para termos luz chateia-me um bocadinho...), estamos no Verão (dias mais longos, noites mais curtas).

Olha, sabes que mais? Acho que mais vale despedirmo-nos do Sol quando ele se põe e irmos dormir, com a certeza que ele volta no dia seguinte. Desde que não nos esqueçamos nunca que a noite está, invariavelmente, presente nas nossas vidas, acho que não há mal nenhum em acreditarmos que o Sol está lá todos os dias e não nos vai deixar mal.

Foi então que a frase acendeu mais um cigarro, e perguntou: "Pelo sim pelo não, posso esperar pelo Sol com uma vela no bolso?"

 
By Joana @ 3:15 da tarde | 2 notas com outras assinaturas
quinta-feira, maio 04, 2006



Tive um acidente de carro, do qual nem me recordo bem. Estive 2 meses em coma no Hospital. Os médicos diziam que não iria sobreviver. Cá estou. Como era.

Caí acidentalmente da janela do meu quarto andar enquanto estendia roupa. Estive 2 meses em coma no Hospital. Os médicos diziam que não iria sobreviver. Cá estou. Como era.

Na fábrica, uma grua descontrolou-se, deixando cair por cima de mim uma viga que me acertou em cheio. Estive 2 meses em coma no Hospital. Os médicos diziam que não iria sobreviver. Cá estou. Como era.

Foi então que descobri: " Nem a morte me quer.... quanto mais o Amor!"

Partiram-me o coração. Não foi assim de uma vez, como no acidente de carro, na minha queda, ou no incidente com a grua. Foram partindo, aos poucos, talvez durante dois meses ou uma qualquer eternidade. Os médicos disseram que não era nada. Morri hoje.

E agora, que a morte já me quer, que será do Amor?
 
By Joana @ 1:51 da tarde | 3 notas com outras assinaturas
terça-feira, maio 02, 2006

Numa das minhas deambulações psicopseudofilosóficas (eu sei que não existe, mas reservo-me ao direito de utilizar as palavras que quero, uma vez que este blog é meu!) cheguei a uma conclusão: para além de todas as razões que andam em torno da catarse, a razão pela qual somos tão viciados em futebol (e noutros jogos) é porque há sempre alguém que ganha e alguém que perde (mesmo quando o resultado é um empate). Acho que assim é também na vida em geral: somos atraídos por "jogos", onde há sempre um derrotado (quando não somos todos...).

Acho que foi também assim que descobri quando é que sabemos que Gostamos realmente de alguém: quando ganhar deixa de ser importante, porque isso implica competir; quando mostrar-te que tenho razão passa a ser acessório, porque o que quero mesmo é não discutir.
Nota: Isto só funciona com pessoas orgulhosas e que têm a mania que têm (quase) sempre razão.
Sou mais feliz assim, e tu também... e eu também.
 
By Joana @ 3:34 da tarde | 4 notas com outras assinaturas