segunda-feira, setembro 11, 2006

Foto: Eddy McDonald




Sorrateiramente, vou deslizando até ao teu colo. Encosto a cabeça e aninho-me por ali.

A luz laranja intermitente que vem da lareira, parece ritmar os sonhos e as recordações, misturando-os numa suavidade que se estende por toda a sala e por nós dois. O frio e o escuro ficaram lá fora, e vão batendo de vez em quando na nossa janela. Acho que não querem entrar, mas insistem em lembrar-nos que lá estão.

Tu passas-me a mão pela cabeça, com a ternura do costume. Eu agradeço com um fechar de olhos lento, de quem há muito se rendeu ao teu tocar. Este colo é um porto seguro quando estou assim, sossegada, em paz comigo, contigo, connosco, com os outros. Nestas alturas, essas mãos já não são amarras, mas sim uma leve brisa que vem do mar e que conta histórias que me fazem dormir e sonhar.

Hoje quero apenas ficar aqui, com esta luz e neste calor. Sei que amanhã vou acordar, dar-te um beijo e partir. Sei que amanhã voltarei a morrer.

Ainda me restam quatro vidas, por enquanto posso dar-me a estes pequenos luxos. Depois?... Logo se vê...

 
By Joana @ 11:30 da manhã |


7 Notas com outras assinaturas:


@ 9/11/2006 12:20 da tarde,assinado por Anonymous Anónimo

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

 

@ 9/11/2006 12:33 da tarde,assinado por Blogger Joana

Querido Ladrão,

Um dia vi um postal com uma frase bonita: "Home is where the heart is". A tua querida razão aqui não pode ser mais do que uma espectadora. Assídua e talvez parcial, como eu quando vejo os Morangos com Açucar... mas a história está escrita.

As respostas às perguntas irão aparecendo naturalmente, mesmo que nem sempre sejam as que esperávamos ou as que nos fazem sorrir.

Um gato, quando morre, renasce logo de seguida, quase sem tempo para lamber as feridas. Não te preocupes ;)

 

@ 9/12/2006 10:57 da tarde,assinado por Blogger Miguel Samora

É impressionante como a tua escrita me deixa fascinado...
Adoro gatos, e a vida de um gato é uma coisa verdadeiramente espantosa...


Continua assim pois serei leitor assiduo do teu blog.

 

@ 9/12/2006 11:03 da tarde,assinado por Blogger Miguel Samora

ja me ia esquecendo:

GATO QUE BRINCAS NA RUA

Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.

Fernando Pessoa

 

@ 9/15/2006 12:04 da tarde,assinado por Blogger Joana

Miguel,

Muito obrigado pela tua visita e pelo(s) teu(s) poema(s)! :)
Eu confesso que não sou fã de gatos, mas a questão das 7 vidas inspirou-me.

Beijinhos e obrigada.

 

@ 9/21/2006 2:28 da tarde,assinado por Anonymous Anónimo

És tu que escreves estes textos? estão muito bons! Deixaste-me viciado neles!! Sempre que venho à net dou comigo a vir ao teu blog para ler o que já li inúmeras vezes! Fico nostálgico... Principalmente com este "Sete vidas"! Parabéns! Também gostava de me conseguir libertar e escrever coisas assim... Talvez 1 dia... Até lá, venho ler o teu blog! ;) bjo

 

@ 9/22/2006 11:23 da manhã,assinado por Blogger Joana

Manito,

Efectivamente sou eu que escrevo estes textos (quando são citações coloco entre aspas). Ainda bem que gostas e que vais passando por aqui para os leres!

Muito obrigada pelas visitas e pelo comentário simpático! Fico à espera que comeces a escrever, para eu poder retribuir!

Beijinhos!