quarta-feira, fevereiro 14, 2007


Foto: M


Hoje estou aqui debaixo de água, quieta, à espera não sei bem de quê.

Aqui tudo se move mais devagar, tudo flutua e desliza. A vida não passa a correr por entre os dedos, sem darmos sequer conta disso. Só a água vai passando entre eles, lentamente, à velocidade dos meus movimentos.

Aqui não respiro. Não penso. Não vejo. Não oiço. Aqui as palavras não existem, não magoam. Aqui só existo eu, a água, e estas bolhinhas pequeninas que saem da pele e me vão percorrendo todo o rosto, com a mesma calma de tudo (ou nada) o que aqui existe.


Abro os olhos e vejo à minha frente aquela mão que já aprendi a reconhecer em qualquer local: A tua. Agarro-a com força e ela puxa-me para a superfície. Tu já estás à minha espera, com uma toalha seca e macia (acho que é castanha) e o sorriso protector do costume (o das covinhas giras e do olhar cor-de-luz). Envolves-me com a toalha, dás-me um beijo na testa ao mesmo tempo que me fazes uma festa no cabelo molhado, e dizes baixinho:

"Anda, já é tarde... vamos dormir".
 
By Joana @ 12:05 da manhã |


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