sábado, julho 29, 2006
Foto: Terry Ward

Assim te dou mais um bocadinho de mim.

Tudo o resto é dito ao ouvido, baixinho, para não acordar quem dorme.
Xxxxxxiiiiuuuu... Deixa-o dormir... precisa de descansar e nós também.
 
By Joana @ 12:31 da tarde | 0 notas com outras assinaturas
quinta-feira, julho 27, 2006
Foto: Marta Laura

Já tinha tirado os óculos quando esta história começou.

Soltei o cabelo.

Lentamente, desapertei o meu vestido.
É assim, devagarinho e com um sorriso maroto no olhar, que me vou despindo de ti. Peça a peça, vou-te tirando do meu corpo, da minha cabeça e do meu coração. Sem pressa. Até ficar sem nada a tapar-me (porque as recordações são invisíveis, transparentes).

Julgando-me nua, olhei-me ao espelho. Afinal havia mais roupa por baixo desta. Continuo vestida... hoje trago até um cachecol da Selecção... logo agora, que está tanto calor e que o Mundial já acabou há quase um mês!
 
By Joana @ 5:35 da tarde |
terça-feira, julho 25, 2006

Chocolates. Gelados. Gelados de chocolate. Cascatas de chocolate. Fondues de chocolate.

Marshmellows (mesmo sem saber como se escreve, não pude deixar de o fazer!). Borboletas, arco-íris, cores, graffitis, cortinados cor-de-rosa e uma rede brasileira às cores.

Verão. Praia. Ondas grandes, ondas pequenas. Boa onda! Catamaran, barco à vela. Velas.

Sol. Pôr-do-sol. Nascer do Sol. Sol e dariedade. Lua. E o Infinito... que particularmente visto de alguns locais é bem bonito!

Notas soltas. Melodias. Afinar. Desafinar, afinar fora de tom, mudar de tom. Tirar os óculos. Cantar. Tocar. Dançar?

Jantar fora em noites quentes de Verão. Sair em noites quentes de Verão. Morangoskas, Ananoskas, Bomboskas.... estava a brincar... bombocas! Bolas de Berlim. Viagens. Club Med... porque já não tenho idade para o Interrail.

Dormir, não dormir. Descansar, muito, pouco... NADA! Férias!

Abraços, beijinhos, mimo. Amizade. Já disse Amizade?

Promessas, sorrisos, abecedários quase inteiros (ainda me deves o Z), sorrisos, gargalhadas, parvoíce, mais sorrisos. E o Buda ali ao fundo a dançar... Sinceramente... um tipo gordo e careca como ele não devia andar aqui assim de cuecas!


É deste concentrado de sensações e recordações que vou bebendo, enquanto o Doutor não me deixa sair da quarentena e ir ali à rua apanhar umas laranjas para fazer um sumo natural.
Queres um bocadinho? Dizem que dá para 40 copos e com sorte ainda chega para o outro que andava Ali a brincar com os ladrões.
 
By Joana @ 11:15 da manhã | 2 notas com outras assinaturas
segunda-feira, julho 24, 2006


A brisa daquela noite de Verão trouxe de volta a tua memória e a tua voz.

Foi bom saber que sobreviveste ao primeiro mês da tua Cruzada, sem grandes feridas no corpo nem na alma. O teu cavalo negro pareceu-me cansado, mas nem por isso infeliz ou descrente do sucesso desta batalha. Tu continuavas o mesmo, e ainda bem que assim é. Foi dessa pessoa que aprendi a gostar tanto e tão rapidamente, mostrando que nem sempre o povo tem razão.

Foi assim que, guiado pelo teu sonho com vulto de princesa, retomaste o teu caminho e partiste para a tua luta, com a serenidade que te caracteriza. Eu fiquei a pedir às Estrelas e à Lua para te guiarem até ao Sol, mesmo sabendo que, quem lá chega, não volta nunca mais.

Sempre que sinto uma breve aragem, vou até às portas da Vila e procuro-te no Horizonte. Será que volta? Será que sobrevive? Será que ganha? Será que perde?
Sonho todos os dias com o regresso do Príncipe Guerreiro. Com ou sem nevoeiro, com ou sem princesa, com ou sem feridas, com ou sem cavalo negro, com ou sem tudo, com ou sem nada. Cá estaremos.

"Sempre que o vento te ralhe

E a chuva de Maio te molhe

Sempre que o teu barco encalhe

E a vida passe e não te olhe

(...)

Podes vir chorar no meu peito

Pois sabes sempre onde estou"



[Para um Cavaleiro Andante (outrora Errante). Porque há coisas que não se explicam e porque a Amizade é das coisas mais bonitas e verdadeiras que o Homem inventou. Porque há pessoas que, por muitas vezes que partam, nunca deixam de estar aqui]
 
By Joana @ 3:05 da tarde | 0 notas com outras assinaturas
sábado, julho 22, 2006
Foto: Haken Aker

Lembro-me de muito pouco. Recordo-me que vesti a minha gabardine (lá fora chovia a potes), que peguei no carro e fui o mais rápido que podia. Já estava atrasada para a consulta. Lembro-me também do Doutor me ter dito que o meu coração estava muito grande (nem sabia como eu tinha sobrevivido tantos anos assim) e que ia ter de operar de urgência. Lembro-me do olhar dedicado do enfermeiro, e depois só me lembro de adormecer. Desta vez não sonhei.

Acordei sozinha num quarto branco e senti-me pequenina e assustada. O médico entrou pouco depois, trazendo nas mãos um enorme alguidar azul. Sorriu e, mostrando-me o interior do alguidar, disse: " A operação foi um sucesso. Aqui está o pedaço que tirámos do seu coração".
Com algum receio, olhei bem para aquele pedaço enorme de carne e sangue. Era realmente grande (bem maior que a minha cabeça!), nem sei como cabia dentro de mim. No seu interior, estava tudo arrumadinho, e tu tinhas espaço de sobra para viveres bem. Lá estava o teu quarto, com o terraço grande com vista para o mar. A sala com a TV de não-sei-quantas polegadas e a playstation, ainda ligada e com a musiquinha irritante a tocar. Tinhas até um espaço pequenino, onde recebias os teus amigos e ficavam a tocar e a cantar pela noite dentro. Procurei em todos os recantos do pedaço que arrancaram de mim, mas não te vi.
Quando viu o meu olhar preocupado, o médico disse "Lamento, mas já não morava lá ninguém". Chorei.
Assustada, perguntei "Mas... tirou isto tudo?? Deve ter-me deixado um coração tão pequenino!".
Não sei se ele me respondeu, ou se se limitou a sorrir, mas eu ia jurar que ouvi dizer "não se preocupe. Ainda cabe lá uma pessoa. Só tem de ser magrinha e de se contentar com pouco espaço".

Foi assim que eu passei a morar no meu coração. Pelo menos agora não está vazio... e não saio daqui nunca mais. Nem que um dia me venhas pegar na mão e me convides para dançar.
 
By Joana @ 12:28 da tarde | 1 notas com outras assinaturas
quinta-feira, julho 20, 2006
Foto: Kredek
... é feita a nossa realidade. Nem só de poesia triste é feita a (minha) vida.
Hoje resolvi aproveitar o momento deste suspiro para partilhar uma grande alegria: se "o casamento é uma evolução e um filho uma revolução", então tenho dois grandes amigos que vão evoluir e revolucionar.
Como se não bastasse a alegria de ter DOIS (Mais que um!) amigos que vão casar e ser felizes para sempre.... tenho esta alegria de ser UM COM O OUTRO! :)
Há alturas em que a felicidade de quem gostamos é o mínimo olímpico que ambicionamos atingir para soltar este sorriso...
 
By Joana @ 1:08 da tarde | 3 notas com outras assinaturas
quarta-feira, julho 19, 2006

Nasci nesta terra de marinheiros. Aqui, tal como o vento, ninguém está, tudo passa. Aqui, nada, excepto eu, é eterno e certo. É um porto seguro para aqueles que aprenderam a ler as estrelas e as nuvens e um porto de abrigo para os menos aventureiros, que não ousam navegar em dias de tempestade.
Mas é apenas e só um porto.

Depois de semanas de cálculos, estudos e preparativos, está tudo pronto. Ajudei-te a planear esta viagem sem destino, fiz-te a mala e dei-te as minhas asas (que agora já não me fazem falta), para o caso das velas te deixarem ficar mal. Levas tudo o que precisas e também um bocadinho de mim... nunca se sabe, guarda, podes precisar e eu a mim não me faço falta nenhuma.

Parece que ainda ontem chegaste, com o barco quase tão vazio como a alma e as velas rasgadas de um enorme temporal. Podias ter morrido, sabias?? Hoje levas as feridas quase curadas (a maresia tratará do resto) e a coragem restaurada... a alma está novamente cheia de sonhos e o barco até parece outro.

"Não sei para onde vou. Só sei que não posso ficar". Depois do abraço forte da praxe, embarcaste sem olhar mais para trás. Ainda bem, assim podes dizer sem mentir que não sabes que até as minhas lágrimas são cor-de-rosa.

Eu fiquei no cais, com a saia e o cabelo ao vento, e a alma a esvoaçar. Recordei as histórias de piratas e tesouros ao som das quais cresci, à procura de uma razão que me fizesse acreditar que tudo isto faz sentido. Não encontrei. No momento em que cruzaste a linha do horizonte, levaste o sol contigo, em perfeita sintonia.

Já com frio, fui para casa a trautear a melodia mágica que a minha avó me ensinou e que ajuda os marinheiros de quem gostamos a nunca naufragarem.

Pode ser que um dia voltes a este porto ... talvez noutra Expedição.
 
By Joana @ 3:45 da tarde | 0 notas com outras assinaturas
domingo, julho 16, 2006
Foto: Diana Louganski

As marés sucedem-se continuamente. O tempo não pára. O movimento de ida e volta das águas parece perpetuar tudo o que nelas e delas vive. Será que tudo o que vai.... volta?

Hoje o mar está revolto (ou revoltado?). As ondas disformes e inconstantes em tamanho e intensidade sucedem-se de uma forma tão imprevisível, que tudo o que era então azul, hoje é branco e terra. Não sei se o fundo do mar existe, não o consigo ver.
Pudera... Não é todos os dias que a maré-baixa dura para sempre. Peixes, algas, estrelas do mar, todos querem voltar à praia e vêem-se impossibilitados de o fazer, apenas e só porque a maré, hoje, não voltou a encher.
Tomara poder dizer à Lua que estou aqui na praia, à espera que a maré suba, para ver o que ela me traz. Hoje sou o mar. Estou revoltada, estou branca e terra e não consigo ver o meu fundo. E como ele, não posso falar. Não posso gritar e dizer que me irrita não poder gritar que, a bem ou a mal, pescadores, fazendeiros, ladrões ou traficantes clandestinos, éramos todos mais felizes... simplesmente porque aprendemos a seguir o movimento natural da maré, dos ventos e da corrente e a viver com eles. Deixavamo-nos apenas empurrar e puxar ao sabor das forças da natureza, sem tentarmos remar contra esta maré que agora já nem existe.


"Ondas do mar de Vigo,
Se vistes meu AMIGO,
E ai Deus, se verrá cedo!"
 
By Joana @ 11:54 da manhã | 0 notas com outras assinaturas
sexta-feira, julho 14, 2006

Tiro a minha guitarra nova do saco e afino-a o melhor que sei. Este acorde não soa perfeito... mas o que seria da vida sem algumas dissonâncias?

Vá, começas tu ou começo eu?


Vou andando
Cantando
Tenho o sol à minha frente
Tão quente, brilhante
Sinto o fogo à flor da pele
Tão quente, beijando
Como se fosses tu

Ao longe
Distante
Fica o mar no horizonte
É nele, por certo
Onde a tua alma se esconde
Carente, esperando
Esse mar és tu


Pode a noite ter outra cor
E o vento ser mais frio
Pode a lua subir no céu
Eu já vou descendo o rio...

Na foz
Revolta
Fecho os olhos, penso em ti
Tão perto
Que desperto
Há uma alma à minha frente
Tão quente, beijando
Por certo que és tu

Pode a lua subir no céu
E as nuvens a noite toldar
Pode o escuro ser como breu
Acabei por t'encontrar

Vou andando
Cantando
Tive o sol à minha frente
Tão quente, brilhando
Que a saudade me deixou
Para sempre.
Por certo
O meu Amor és tu.


Será que podemos mudar o tom e cantar mais uma vez?
 
By Joana @ 5:30 da tarde | 0 notas com outras assinaturas
... em que quero escrever tanto, dizer tanto... (sentir tanto?) que acabo por não conseguir escrever, nem dizer (nem sentir) nada! Quero deixar recados, quero fazer perguntas, quero esclarecer mal-entendidos... quero tanto que acabo por não ter nada. Muitas vezes apenas e só porque não sei por onde começar, outras porque não sei quando tenho de acabar... e outras porque não posso nem devo.

(Também queria, mas queria mesmo, uma massagem nas costas. E já agora também na alma se fosse possível...)
Hoje fico aqui apenas a tentar sair deste turbilhão azul de emoções e de estados de espírito, onde a incerteza, a saudade e outras coisas que não conheço, andam a brincar às escondidas (como tu e eu). Já chega... ou então não...
 
By Joana @ 11:53 da manhã | 1 notas com outras assinaturas
segunda-feira, julho 10, 2006


Gosto de andar por aqui no Outono e de ouvir as folhas secas estalarem debaixo dos meus pés. Quando cá venho, vou andando devagar, absorvendo tudo aquilo que esta cidade, em tudo idêntica ao meu Mundo, tem para me dar.
Hoje trago duas telas e o meu cavalete, e ainda não decidi o que vou fazer com tudo isto.


No braço direito, trago a tela grande, há muito acabada, sem mais por onde pintar, mas da qual ainda não tive coragem para me desfazer. Ela continua sempre a acompanhar-me ao longo destes passeios pelas margens do Sena, porque tenho demasiado orgulho desta obra, tão cor-de-rosa, tão cheia e tão complexa, que fui pintando devagar com os pincéis e o coração em sintonia quase perfeita. Hoje olho para ela e, no meio dos desenhos toscos, consigo descobrir-me em vários traços. Por vezes não consigo evitar pensar que "talvez, ali naquele cantinho, ainda possa pintar mais qualquer coisa...". E pintar por cima, será solução?


No braço esquerdo tenho a tela quadrada, onde tu e eu fizémos um esboço perfeito. O preto e branco da grafite parece ficar ali tão bem como as ténues pinceladas de côr com que o fomos preenchendo. Vejo este esboço tão perto da perfeição, que tenho até receio de lhe tocar; Qualquer traço que nele faça sozinha irá certamente estragá-lo. Mas não esqueço que não passa de um esboço. Não tenho ainda sequer coragem para o mostrar a ninguém, de tão inacabado que está!

Vou ficar sentada naquele banco ali ao fundo (Vês? Ali,onde agora está um senhor a tocar violino), à espera que chegues com a tua caixa de aguarelas coloridas numa mão e um lápis de grafite na outra e me ajudes a decidir o que fazer a esta tela. Posso esperar, tenho tempo. Gosto de ficar aqui na margem, só a olhar para as minhas telas e a ver a memória brincar com a imaginação até chorarmos as três de Saudade. Paris será sempre Paris...
 
By Joana @ 11:45 da manhã | 0 notas com outras assinaturas
segunda-feira, julho 03, 2006
Era uma vez um ladrão. Um dia roubou-me um sorriso. Foi tão fácil que rapidamente aprendeu a roubar-me outros (muitos, tantos!). Roubou metade da minha Amizade só para ele (a outra metade ficou aqui para sempre). Roubou-me abraços e beijos e ensinou-me a roubar com ele. Um dia foi embora e levou tudo isto com ele.

Olhe, Sr. Ladrão, será que agora lhe posso pedir o meu sorriso de volta? É que está a fazer-me alguma falta...


 
By Joana @ 6:44 da tarde | 1 notas com outras assinaturas