sexta-feira, agosto 31, 2007
prometo_que_nao__vou_______contar_a__ninguem_que___estou____a_descobrir
uma__nova_forma__de_saudade_daquela_____que_doi_antes_____de_fazer____sentido
existir_tambem_nao____vou_contar_que_ainda_sinto_____aquele_abraço__com_sabor
de_ate___ja_que_agora_trago____sempre_comigo_porque_uma__força
assim_so_pode_ficar________marcada_naO_____vou_dizer_que_me_sinto
a _desafiar_as_leis_______do_universo_e_a_brincar________com_o
infinito____e_que_isso_faz_____todo_o_sentido_nao
quero_contar_que_nao________sei_onde_este_caminho_me_leva_______que_daqui
nem_consigo______ver_bem_onde_____estas_ou_para
onde_vais_e_que_tudo____isto_quase_me_assusta_guardo
tudo_numa_caixinha_muito_____especial_que__tranco__a_sete
chaves_e_nao_______conto_nada__xiiiu___e_segredo_e_quero
guarda-lO___tambem_de_mim




Há quem diga que aqui falta pontuação e acentos. Que faltam espaços. Que falta uma imagem no início. Um tipo de letra. Que falta uma formatação.


Há quem diga que me falta juízo...
eu acho que me faltas tu.




 
By Joana @ 1:31 da manhã | 1 notas com outras assinaturas
quinta-feira, agosto 30, 2007



Foto: Onur Dincer


No ano passado, o final do Verão trouxe com ele uma surpresa: pela primeira vez, um carrossel vinha à minha aldeia. Rapidamente esqueci que a luz do sol já não era igual, que os dias estavam a ficar cada vez mais pequenos, ou que os meus encontros com o mar brevemente iriam reduzir-se a trocas de olhares.
Era uma ocasião muito especial, por isso escolhi o meu melhor vestido de princesa, e lá fui, seguindo aquela música que me hipnotizava e que vinha mesmo do cimo da minha rua. Quando cheguei, lá estava ele: um carrossel lindo, enorme, como nos filmes, cheio de figuras que preenchiam apenas os meus sonhos, iluminadas por luzinhas cintilantes que se confundiam agora com o brilho dos meus olhos grandes, ali ainda maiores, ainda mais brilhantes.

Apressei-me a escolher onde me ia sentar. Indecisa entre a girafa e o cavalinho, e com a excitação infantil de quem entra num mundo novo, acabei por escolher uma cadeirinha. Endireitei as costas, ajeitei o meu vestido e sentei-me, delicadamente e de cabeça erguida, no meu novo trono. Ali fiquei, com os pés a dançar, numa cadeira grande demais para mim. O primeiro movimento do meu carrossel fez-me soltar um sorriso novo, de quem realiza um sonho.

Dei voltas e voltas, umas mais rápidas, outras mais lentas. Ali, na minha cadeirinha, com o meu vestido de princesa, e com todas aquelas luzes, tudo me parecia maravilhoso. Nem sei quanto tempo passou até adormecer.

Um dia, sem nunca parar de rodar, o meu carrossel levantou voo e mostrou-me novos sítios, algumas nuvens que eu ainda não conhecia e também umas estrelas que pensava não existirem. Ensinou-me a descobrir a melhor forma de me ver ao espelho, a ver Mundos do avesso e a gostar de coisas que até ali, mesmo sem provar, dizia não gostar. Um dia levou-me até uma fada que cantava baixinho: "Round and round carousel / Has got you under it's spell / Moving so fast but going nowhere". A melodia, como tantas outras, ficou-me no ouvido. Sorri ainda mais por saber que o meu carrossel era uma excepção.

Acordei. O meu vestido de princesa já não me servia. Tinha o corpo dorido, numa cadeira onde já nem cabia. Cresci muito. Olhei em volta, e reconheci o cimo da minha rua. Ainda consegui sentir a última volta do meu carrossel... cada vez mais devagar... até parar. As luzes apagaram-se, a música calou-se.

Eu levantei-me. Sem hesitar, rasguei o pedaço do meu vestido que me apertava. Agora já não é de princesa, mas gosto muito dele. Escolhi outra cadeira. Maior. Como eu. E sentei-me, à espera...


Foi desta forma que descobri que, por vezes, os carrosseis param... é inevitável. Só assim poderão rodar para o outro lado. (e essa sim, vai ser uma viagem emocionante que eu não vou querer perder)
 
By Joana @ 2:55 da manhã | 2 notas com outras assinaturas