quarta-feira, março 28, 2007

Foto: F. Pinto


O sorriso do costume foi a única resposta que obtive de cada vez que te perguntei "Mas afinal que obras é que andas a fazer?".
Ontem resolveste mostrar-me: pegaste-me na mão, e guiaste-me pelas escadas, até "lá acima". E lá estava ela: uma pequenina janela de portadas verdes, com vidro duplo e espelhado e com vista para a minha Alma. Mostraste-me a cidade que aprendeste a observar e a conhecer como ninguém. Já sabes ler cada engarrafamento, conheces os melhores atalhos para chegar a qualquer lado, sabes sempre que ruas estão em obras e conheces até as coordenadas exactas de cada local. Da tua janela, aprendeste a ser um observador activo do seu ritmo, a respirar o ar que a preenche, a ouvir o silêncio e o burburinho e a identificar todos os cheiros que a caracterizam.

Dei-te os meus olhos, para tomares conta deles. Dei-te a minha mão, para me guiares no escuro. Dou-te a minha cidade porque, mesmo sem saberes, vives nela.


 
By Joana @ 10:20 da manhã | 0 notas com outras assinaturas