quarta-feira, maio 24, 2006


Eu lido muito mal com as desafinações (quem diria!). Há qualquer coisa em mim que se arrepia, mas um arrepio que não é bom, daqueles que queremos que passem depressa ou que nunca comecem.

Tenho uma guitarra que me acompanha já há muitos anos, que sabe imenso sobre mim (muito mais do que eu sei sobre ela) e que até gostava de mim. Conversávamos imenso.
Quando tens uma guitarra, fazes os possíveis por estimá-la e por mantê-la sempre bem afinada. Não é fácil, porque todas as guitarras têm uma vontade própria e gostam de andar desafinadas de vez em quando. A minha até se portava bem, deixava-se afinar e eu acabava por me adaptar também à sua afinação tão própria.

Um dia, a minha guitarra disse-me que já não era afinável. Que eu escusava de apertar as cordas, não ia dar em nada, só fazer pior. "Vais acabar por me partir as cordas". Podia até dar um acorde de vez em quando, mas não iria passar disso, porque o acorde seguinte seria invariavelmente desafinado. É impossível fazer uma boa música assim. E todos sabemos que quando uma guitarra não acredita em afinação, mais vale esquecer...

E agora? O que faz uma pessoa que tem uma guitarra inafinável e que não consegue viver sem música?
 
By Joana @ 8:18 da tarde |


4 Notas com outras assinaturas:


@ 5/25/2006 10:21 da manhã,assinado por Blogger A Gata Cristie

Arranja outra guitarra ou escolhe um outro instrumento que tenhas disponível! Posso emprestar-te a minha.

Ontem sentimos a falta da tua afinação...

 

@ 5/25/2006 4:26 da tarde,assinado por Anonymous Anónimo

Porque ter algo implica ser dificil deixar de ter, perder ou substitui-la, enquanto a resposta não vem, espero que não te habitues à dissonância. Porque, de certeza que ainda há muitas músicas boas para fazer...

 

@ 5/26/2006 2:07 da tarde,assinado por Anonymous Anónimo

Para mim a questão essencial não é se a guitarra é inafinável (e andam por aí umas mesmo muito burras), mas se estamos para nos dar ao trabalho de as convencer. Uma guitarra teimosa não tem muita piada e não vale o carinho que lhe damos nem o esforço que fazemos para a manter afinada, pelo que raramente se chega ao ponto da "inafinabilidade".
Quando isso acontece é frustrante e quase sempre doloroso, mas a verdade é que andam por aí muitas guitarras, cavaquinhos, bandolins e mesmo pianos, flautas e xilofones muito simpáticos à procura de um músico que goste da sua afinação.
E que instrumento não gosta de ser tocado por um bom músico?

 

@ 5/27/2006 1:18 da tarde,assinado por Blogger Joana

Muito obrigada pelos comments.... o Valter agradece!
E quanto a ti, "a gata cristie", conforme te disse, a tua guitarra não faz muito o meu género ;) E há certas coisas que nem com as grandes amigas devemos querer partilhar! Eheh! Mas agradeço a generosidade!