
É quando cai a noite, sob a luz cúmplice e ténue da Lua, que, em segredo, me vens buscar.
Procuras a minha mão, que seguras sem prender, e puxas-me. Eu deixo-me ir pelo escuro, sem medo, e sem precisar de saber para onde vou ou quando volto.
Andamos lá em cima, onde vemos todos e ninguém nos vê, a saltar de nuvem em nuvem, sem rumo, com a postura de quem caminha porque gosta e porque quer, e não necessariamente para chegar a algum lado.
Ocasionalmente deixo de ver o teu vulto, e assusto-me. Penso em ficar sentada, quieta, algures à espera de alguma coisa ou de alguém. Por vezes penso até em voltar para casa. Mas depois, como que a adivinhar tudo isto e sem me dar tempo para mais pensamentos ou deambulações, o brilho do teu olhar ou do teu sorriso surge bem pertinho, como um farol que anuncia que afinal estive sempre em porto seguro. É assim que vou descobrindo que não preciso de te ver para saber que estás sempre aqui.
O regresso, tantas vezes adiado, chega quase com o Sol. Dás-me um beijo e um abraço de despedida, ainda a sorrir. Eu retribuo.
Até amanhã! Sonhas comigo?