[Para a minha amiga Dunga. À falta da máquina de teletransporte (que ofereceria de bom grado), aqui fica um bocadinho de mim, em jeito de "até já". ]

Não sei quando chegaste. Acho que foste chegando... foste aparecendo... foste entrando e preenchendo as nossas vidas de uma forma tão tua.
Nunca suspeitámos que trazias no bolso esse copo para fazer bolas de sabão. No entanto, fomos descobrindo que com um só sopro, conseguias colorir uma sala inteira. Como que por magia, todos os problemas ficavam escondidos dentro das bolinhas de arco-íris, que refletiam então sorrisos e alegrias esvoaçantes, num espelho côncavo do Mundo então criado.
Hoje o Sol e o frio acordaram em harmonia. Estamos no Inverno, agora já não há dúvidas. Vesti o sobretudo, tracei o cachecol, calcei os sapatos "de fim-de-semana" e, depois de ir dar um beijo ao "meu homem", saí sem pressa para o meu passeio matinal pelo paredão. Gosto de passar as manhãs de Domingo só comigo e com a maresia, que se vai encarregando de restituir os caracóis ao meu rabo-de-cavalo, apagando assim os vestígios típicos da Saturday Night Fever.
Sentei-me numa esplanada junto à praia e pedi um chocolate quente. Uma brisa fria, vinda do Norte, trouxe uma bola de sabão colorida, que poisou em cima da minha mesa sem rebentar. Inclinei-me sobre ela, e olhei-a como se de uma bola de cristal se tratasse. Lá dentro, vi desfilarem memórias de meninas que se fizeram mulheres, ao som de melodias familiares. Depois vi-te sorrir, já no Presente. Quando me preparava para ver o Futuro, a bolinha de sabão rebentou.
Mas só ela desapareceu. As memórias, e tudo o que as criou, permanecem e ficarão para sempre.
Levantei a cabeça e voltei a sorrir. Sei que estás bem e que o mesmo Vento Norte que hoje trouxe esta bola de sabão, te traz todos os dias.
"Aqui encontro o meu porto seguro
E as asas para voar
Aqui eu sei que nunca chega o escuro
E é onde eu vou para sempre estar."