Dança em mim, o tempo. Vai passando lentamente por aqui, como uma corrente que leva bocadinhos do que fui e do que sonhei ser, sem dor. Estou meio atordoada e ainda tenho sono. Esta nuvem suave de fumo que se instalou aqui não me deixa ver os meus pés. Quando souber onde aterrei digo-te.
Eu não consigo fazer nada se não estiver a ver os meus pés e também um bocadinho da estrada ou do chão que eles pisam. Às vezes olho para trás, só para ver se o mar ainda não apagou as minhas pegadas.
Entretanto, e por tudo isto, vou deixando continuar esta dança, em mim, sem me mexer. Vejo a vida a fazer piruetas e o tempo fora de ritmo, mas não passo de uma espectadora.
E tu? Não quero que dances em mim, como tudo isto. Hoje (e só hoje, ou talvez não), quero que dances comigo...
E já agora, se não for pedir demais, será que
depois posso ter também uma massagem nos pés?