quinta-feira, agosto 24, 2006
Foto: Rui Bonito
21 de Agosto

Apesar de estar de férias, saí de casa a correr. Amarrado ao portão verde, estava um enorme balão cor-de-rosa. Com o entusiasmo de uma criança, agarrei-o com toda a força que tinha (e que não tinha). E lá fui eu... puxada pelo balão cor-de-rosa.

A minha casinha amarela ia ficando cada vez mais pequenina, até que deixei de a conseguir distinguir no meio de tantas outras (foi nesta altura que me lembrei que me tinha esquecido dos óculos).

Subi, subi... Para onde me leva, Sr. Balão?

Um pouco abaixo das nuvens, voava uma enorme coruja branca, que assobiava uma melodia familiar. Eu acenei-lhe a sorrir e ela piscou-me o olho, como quem diz "seja bem vinda cá acima, menina. E já agora faça uma boa viagem... "

A coruja foi ficando mais pequenina, e as nuvens cada vez mais próximas... mais próximas... mais... mais distantes, lá em baixo. Tão pequeninas.

Olhei para cima, e lá estava ele. Rodeado apenas de azul, o Sol. Às vezes as coisas mais simples são as mais bonitas. Durante dois dias, fiquei só agarrada ao balão, assim, bem pertinho do calor. Não dormi. Não comi. Fiquei quietinha a absorver esta energia que só ele me dá e a contemplar esta paisagem que julgava já extinta.

Olhei o Sol pela última vez, dei-lhe um abraço que quase me queimou e sorri-lhe.
Com a mão direita, disse-lhe adeus. Num acto consciente, abri a mão esquerda. Ainda lhe consegui tocar... e depois comecei a cair.

O Sol foi ficando cada vez mais pequenino, mais distante. Mais abaixo, passei pelas nuvens, que voltaram a formar aquela barreira até então intransponível. Ao menos agora sei a que sabem as nuvens e o que escondem por trás delas!


Acordei à entrada deste emaranhado de caminhos que não escolhi e que mais parece um enorme labirinto. Espera... é mesmo! Na minha mão esquerda (ainda queimada do Sol) encontrei uma pena branca, com uma frase sapiente escrita por cima, a tinta da China: "Vais ter que te perder primeiro, se te quiseres encontrar".

Guardei a pena no bolso e, sem medo, entrei.
Afinal, todos os labirintos escondem um Tesouro... e eu nunca tive medo de dragões.
 
By Joana @ 10:21 da tarde |


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