domingo, julho 16, 2006
Foto: Diana Louganski

As marés sucedem-se continuamente. O tempo não pára. O movimento de ida e volta das águas parece perpetuar tudo o que nelas e delas vive. Será que tudo o que vai.... volta?

Hoje o mar está revolto (ou revoltado?). As ondas disformes e inconstantes em tamanho e intensidade sucedem-se de uma forma tão imprevisível, que tudo o que era então azul, hoje é branco e terra. Não sei se o fundo do mar existe, não o consigo ver.
Pudera... Não é todos os dias que a maré-baixa dura para sempre. Peixes, algas, estrelas do mar, todos querem voltar à praia e vêem-se impossibilitados de o fazer, apenas e só porque a maré, hoje, não voltou a encher.
Tomara poder dizer à Lua que estou aqui na praia, à espera que a maré suba, para ver o que ela me traz. Hoje sou o mar. Estou revoltada, estou branca e terra e não consigo ver o meu fundo. E como ele, não posso falar. Não posso gritar e dizer que me irrita não poder gritar que, a bem ou a mal, pescadores, fazendeiros, ladrões ou traficantes clandestinos, éramos todos mais felizes... simplesmente porque aprendemos a seguir o movimento natural da maré, dos ventos e da corrente e a viver com eles. Deixavamo-nos apenas empurrar e puxar ao sabor das forças da natureza, sem tentarmos remar contra esta maré que agora já nem existe.


"Ondas do mar de Vigo,
Se vistes meu AMIGO,
E ai Deus, se verrá cedo!"
 
By Joana @ 11:54 da manhã |


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